VII Colóquio Internacional Atravessamentos Corpográficos

Mostra de performances,  montada de colóquio acadêmico., realizada no auditório BAM do Ceart/UDESC.
 

Os drag colóquios deslocam o jogo com a performatividade da academia para o universo dos colóquios. Nesse cenário, a performatividade acadêmica envolve roupas, gestos, entonações, ritmos, posições e hierarquias. Não é qualquer pessoa que pode apresentar trabalho em um colóquio. E não é de qualquer forma. As roupas, assim como a gestualidade, devem ser contidas, elegantes, refinadas. Deve-se sentar corretamente nas cadeiras. A entonação oral deve revelar a segurança de quem é sujeito, e não objeto, do saber. A linguagem deve ser complexa, culta, erudita. Deve-se evitar gírias, obscenidades, sotaques e marcas da oralidade espontânea.

 

Tudo isso é encaixado em um modelo específico de gestão de tempo-espaço: 1 - conferência de abertura com palestrante, de preferência doutor, com duração de 40 minutos. 2 - duas ou três mesas de comunicações para estudantes de pós graduação resumirem suas pesquisas em 15 minutos, com a mediação sempre cronometrando. 3 - coffee break de 20 minutos. 4 - mais duas ou três mesas de comunicação. (A estrutura se repete pela quantidade de dias do colóquio). 

 

Os drag colóquios são montados com esse look. A programação é divulgada para a comunidade acadêmica como se fosse um colóquio padrão. Mas, quando o público chega, depara-se com uma mostra de performances que ironiza os códigos, rituais e estéticas da academia. A conferência, as comunicações, a mediação e até mesmo o coffee break são teatralizados parodicamente e utilizados como dispositivos performáticos para questionar aspectos autoritários, produtivistas e extrativistas da academia. 

Artistas que participaram: Géorgia Mendes, Jonathan Braga, Gabriel Villas, Irma Brown, Dalva França de Assis, Matheus Solar, Juliana Silva, Victoria Beatriz, Ariane Oliveira, Diógenes Pandini, Érico Machado, Ruth Kipper, Aline Emídio.

 

Fotografias: Diógenes Pandini